30.9.07

O curador



(fotografia de Bernard Faucon, "Le Petit Bouddha", 1988)

De seguida, uma definição de curador dada por Barbara Brennan e que evoca o papel do xamã, também ele um intermediário entre o reino físico e o espiritual.

"(...)o curador precisa viver em dois mundos, o espiritual e o físico. Somente estando centrado dentro de si mesmo pode ele passar pelas experiências de testemunhar continuamente a dor profunda,tão disseminada na humanidade." (1)

Barbara Ann Brennan

(1) BRENNAN, Barbara Ann - Mãos de luz: um guia para a cura através do campo de energias humana. São Paulo: Pensamento, [1997]. ISBN 85-315-0413-9. pg. 366.

A graça



(fotografia de Harry Benson, "Bill & Hilary Clinton", 2001)

"Receber a Graça é experimentar a unidade de todas as coisas e a nossa completa segurança, independentemente do que acontece. É compreender que cada uma de nossas experiências, incluindo as agradáveis e as dolorosas, como a doença e a morte, são lições que criamos para nós ao longo do caminho de casa, do caminho de Deus." (1)

Barbara Ann Brennan

(1) BRENNAN, Barbara Ann - Mãos de luz: um guia para a cura através do campo de energias humana. São Paulo: Pensamento, [1997]. ISBN 85-315-0413-9. pg. 366.

A Fé



(fotografia de Sid Avery, "Humphrey Bogart, Lauren Bacall and their son, in their home", Los Angeles, 1952)

"A fé significa prosseguir com a sua verdade quando todos os sinais exteriores que se aproximam lhe dizem que isso não pode ser verdade, embora você, no seu íntimo, saiba que o é" (1)

Barbara Ann Brennan

(1) BRENNAN, Barbara Ann - Mãos de luz: um guia para a cura através do campo de energias humana. São Paulo: Pensamento, [1997]. ISBN 85-315-0413-9. pg. 364

28.9.07

No=Fi Recordings Vol. 4 (Trouble Vs. Glue)



(imagem de um concerto dos Trouble Vs. Glue)

muito provavelmente, uma das bandas mais estranhas que eu tive a oportunidade de ver ao vivo. Fizeram a primeira parte das Partyline, aqui há meses, na Galeria Zé dos Bois. Mas, das meninas americanas, falo mais tarde.

dos Trouble Vs. Glue, resta assinalar que são italianos e que praticam uma espécie de electro punk marado. É um pouco estranho, mas vale a pena descobrir e é um antídoto contra a música italiana que nos têm impingido durante anos, demasiado comercial e previsível.

o disco (K7) deles tem, para além das músicas de estúdio, alguns outtakes e improvisações.

Jorge Vicente

27.9.07

O medo segundo Emmanuel



(fotografia de Eve Arnold, "Bad Girl", Havana, s/d)

"O medo
é apenas olhar no espelho
e fazer caretas
para si mesmo" (1)

Emmanuel

(1)EMMANUEL apud BRENNAN, Barbara Ann - Mãos de luz: um guia para a cura através do campo de energias humana. São Paulo: Pensamento, [1997]. ISBN 85-315-0413-9. pg. 360.



Uma "biografia" de Emmanuel aqui

26.9.07

The Assassination of Richard Nixon (Niels Mueller)




(imagem do filme The Assassination of Richard Nixon, de Niels Mueller, com Sean Penn, 2004)

parece uma pequena maldição, mas das últimas vezes que vi filmes do sean penn, tive a sensação que estive a ver verdadeiras obras-primas. são os filmes, as personagens, as situações. em quase tudo o que ele toca, o ouro transforma-se na carne das pessoas

e isso é bom porque o cinema deve ser a arte dos afectos e das emoções

Jorge Vicente

24.9.07

"Aura Lea, Maid of Golden Hair" (Across Tundras)



(fotografia de Eve Arnold, "Marilyn Monroe dancing with
Arthur Miller on the set of The Misfits",
Hollywood, 1960)


"When the blackbird in the spring,
On the willow tree,
Sat and rocked, I head him sing,
Singing Aura Lea
Aura Lea, Aura Lea,
Maid of golden hair;
Sunshine came along with thee,
And swallows in the air.

In thy blush the rose was born,
Music when you spake,
Through thine azure eye the morn,
Sparkling seemed to break,
Aura Lea, Aura Lea,
Bird of crimson wing,
Never song have sung to me,
In that sweet spring.

Aura Lea, Aura Lea,
Maid of golden hair;
Sunshine came along with thee,
And swallows in the air.

Aura Lea! The bird may flee,
The willows golden hair
Swing through winter fitfully,
On the stormy air.
Yet if thy blue eyes I see,
Gloom will soon depart;
For to me, sweet Aura Lea
Is sunshine through the heart.

When the mistletoe was green,
Midst the winter's snows,
Sunshine in thy face was seen,
Kissing lips of rose.
Aura Lea, Aura Lea,
Take my golden ring;
Love and light return with thee,
And swallows with the spring.

Aura Lea, Aura Lea,
Maid of golden hair;
Sunshine came along with thee,
And swallows in the air."

ACROSS TUNDRAS

(retirado do cd dos Across Tundras, Dark Songs of the Prairie (2006)

21.9.07

"Brothers Under the Bridge" (Bruce Springsteen)



(fotografia de Lee Friedlander, "New Mexico" (2001)

"Saigon, it was all gone
The same Coke machines
As the streets I grew on
Down in a mesquite canyon
We come walking along the ridge
Me and the brothers under the bridge

Campsite's an hour's walk from the nearest road to town
Up here there's too much brush and canyon
For the CHP choppers to touch down
Ain't lookin' for nothin', just wanna live
Me and the brothers under the bridge
Come the Santa Ana's, man, that dry brush'll light
Billy Devon got burned up in his own campfire one winter night
We buried his body in the white stone high up along the ridge
Me and the brothers under the bridge

Had enough of town and the street life
Over nothing you end up on the wrong end of someone's knife
Now I don't want no trouble
And I ain't got none to give
Me and the brothers under the bridge

I come home in '72
You were just a beautiul light
In your mama's dark eyes of blue
I stood down on the tarmac, I was just a kid
Me and the brothers under the bridge

Come Veterans' Day I sat in the stands in my dress blues
I held your mother's hand
When they passed with the red, white and blue"

Bruce Springsteen

(retirado do disco 18 Tracks, de 1999)

18.9.07

Night of the Living Dead (George A. Romero)



(imagem de Night of the Living Dead, de George A. Romero - 1968)

acho que as palavras não podem descrever o grande filme que é A Noite dos Mortos Vivos, de George A. Romero. Contrariamente aos filmes modernos sobre zombies, dos anos 80 e 90, a obra prima de Romero era essencialmente um ensaio sobre a condição humana e sobre a nossa própria bestialidade.

de que modo nós nos diferenciamos dos oportunamente chamados mortos-vivos? Provavelmente, raciocinamos e atingimos que nos é mais próximo, apenas para nos safarmos nas horas mais críticas. Provavelmente, construímos prisões e encerramos quem nos não interessan dentro dessas prisões. lá dentro, defendemo-nos como podemos.

aqui está o endereço no youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=XhgVHTVi_h4

Jorge Vicente

14.9.07

Desafio

Desafio lançado por Maria Elisa, Página dos Concursos:

1- Pegar no livro mais próximo

2- Abri-lo na página 161

3- Procurar a 5ª frase completa

4- Colocar a frase no blog

5- Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo)

6- Passar o desafio a 5 pessoas

"Jamais imaginara que Dean viesse a tornar-se um místico"

(Jack Kerouac, Pela Estrada Fora, pg. 161

As 5 pessoas:
Bandida, Tradução da Memória, Lumife, avozquenãosecala, rafael dionísio

12.9.07

Lançamento da antologia 10 Rostos




Amigos, acabei de participar em mais uma antologia, 10 Rostos, com autores brasileiros e portugueses. O lançamento vai ser no Brasil, na XIII Bienal do Rio, no dia 19 de Setembro, mas espero que se organize alguma coisa aqui em Portugal. De qualquer maneira, se houver alguma coisa, aviso-vos.

Jorge Vicente

7.9.07

Cinema e sonho



("Als das Kind Kind war", e as memórias de Peter Handke)

O sonho esteve sempre presente no cinema. Seja como o meio de determinar os traumas de uma personagem (como em Spellbound, de Alfred Hitchcock) seja através da ilusão do real (a noção de cinema onírico, bem patente em filmes como Un Chien Andalou, de Luis Buñuel e Salvador Dalí, ou em Et la Nave Va, de Federico Fellini), o sonho tem acompanhado a sétima arte desde a sua criação.

Mas, uma questão precisa pôr-se, questão essa já aventada por Sara Savio, num artigo interessantíssimo sobre sonho e cinema (aqui): em que medida não será o visionamento de um filme a entrada num estado alterado de consciência, um afastamento do estado de vigília em que, normalmente, nos encontramos? Afinal de contas, a sétima arte é a máquina dos sonhos e cada personagem representada pode evocar tudo aquilo que o nosso subconsciente teima em manter preso. Estão aqui os heróis, os grandes guerreiros e tudo aquilo que eles simbolizam.

Jorge Vicente

6.9.07

Electric Wizard (Dopethrone)

Durante cerca de dois milénios, a figura de Satanás foi evoluindo. Desde o Anjo da Morte da tradição judaica (Samael), passando pelo Diabo tentador, reformulado pela tradição católica medieval, até chegar às construções literárias de Mefistófeles e do anjo caído de Milton, Satanás teve diversas faces. Umas, mais sinistras, outras mais poéticas e, também, mais humorísticas.

Não, não me estou a lembrar do Satanás hilariante do filme de Adam Sandler nem do Satanás que eu e outros loucos construímos nas aulas de Escrita Criativa, mas sim do zombie que aparece na capa do álbum dos Grateful Dead, Blues for Allah. Provavelmente, será um zombie que fumou erva a mais e que decidiu ir viver para o deserto do Saara como se fosse um rei helenístico. Ou, provavelmente, será um zombie que vive nos arrabaldes do deserto da Califórnia e que pensou escrever um álbum dedicado à Arábia. Pode ser isso tudo, o que a vossa imaginação permitir entrar.



(capa do disco Blues for Allah, dos Grateful Dead)

Pois é justamente esse espírito, completamente louco, inovador e caótico que é a base da música dos Electric Wizard. Partindo do pressuposto de que a veneração à entidade mais obscura do Universo não se pode fazer sem um pouquito de erva, decidiram aplicar à prática os seus ideais. Criaram um estilo musical próprio, bastante influenciado pelos Black Sabbath, pelos St.Vitus e pelos Sleep. Enfim, um festival espectacular de stoner e de loucura metálica. Um dos seus álbuns mais significativos é Dopethrone, publicado em 2000 pela Rise Above Records.



o myspace dos Electric Wizard aqui
Electric Wizard no youtube aqui

Muito diferentes são os Intronaut. Segundo a crítica especializada, são bastante influenciados pelos Mastodon e pelos Isis, embora, na minha opinião, sejam claramente inferiores. Mas, seja como for, vale sempre a pena escutá-los para podermos emitir a nossa opinião de um modo imparcial e coerente com os nossos gostos musicais.

os Intronaut aqui



(imagem de um concerto dos Intronaut, retirado do seu myspace)

Jorge Vicente

4.9.07

Henry King (Tol'able David)

Em 1971, Charles Bukowski escreveu aquele que veio a ser o seu primeiro romance, Post Office. Nesta obra, Bukowski descreveu de forma magistral os seus anos como carteiro. Através do seu alter-ego, Henry Chinaski, assistimos às constantes dificuldades de relacionamento com as mulheres, os problemas de alcoolismo e de jogo, os encontros sexuais, esperanças, desesperanças que Chinaski/Bukowski vai sofrendo ao longo dos anos. Nesta obra, a profissão de carteiro era vista como algo de tediante e monótona.

Num outro registo, o filme de Henry King, Tol'Able David (1921) faz a apologia da capacidade de sacrifício e de dedicação a uma instituição. David Kinemon, interpretado pelo inesquecível Richard Barthelmess (quem não se lembra do seu filme Broken Blossoms - O Lírio Quebrado?), tem o sonho de conduzir a carruagem dos correios e entregar as respectivas encomendas aos habitantes da sua aldeia. Constantemente, é avisado de que é demasiado novo, que precisa crescer um pouco mais. Porém, só através de uma grande tragédia familiar é que consegue conduzir a carruagem. Mas, consegue dar conta do recado e provar a toda a gente que já atingiu a maturidade. De facto, o tema principal deste filme reside na entrada na vida adulta, entrada essa que se processa, por vezes, através de inúmeros sacrifícios e perdas, mas que dão a cada um de nós uma maior maturidade e capacidade de amar.



(imagem de Richard Barthelmess, no filme Tol'Able David, de Henry King)

O filme não está disponível em Portugal. Comprei através da Internet. Mas, seria bom que passasse na televisão ou que fizessem um ciclo de cinema sobre o realizador, Henry King. Como antes, através dos programas de Lauro António e da rubrica 5 Noites, 5 Filmes.



(mais uma imagem de Tol'Able David, com Richard Barthelmess e Gladys Hulette)

Um abraço
Jorge Vicente

P.S. Alguns dos filmes de Henry King são: The Song of Bernadette (1943), Wilson (1944), David and Bathseba (1951), The Snows of Kilimanjaro (1952), King of the Khyber Rifles (1953) e Carousel (1956).

3.9.07

Jalâluddîn Rumi



(fotografia de Jean Ferro, Lewis: 1st Street and Temple, Downtown Los Angeles, s/d)


"Using the stone of the philosopher to convert copper into gold is indeed wonderful.
More wonderful still is the fact that, moment by moment, the philosopher's stone (man) is converted into copper - by his own heedlessness" (1)

Jalâluddîn Rumi (1207-1273)

(1) poema retirado do CD de Martin Simpson e Wu Man, Music for the Motherless Child.

David Simpson/Wu Man (Music for the Motherless Child)




Por vezes, sabe bem dormir em casa e arrastarmo-nos um pouco na varanda, sentindo o vento a latejar na nossa pele. Sabe bem, porque sentimos que o vento é bom e que nos transporta para a alma das gentes e para a memória das pessoas. Talvez seja eu o único a sentir isso. Ou talvez o vento seja assim. Livre para transportar quem ele quer.

Penso que a música também é um pouco isso: um vento que brota na pele, que sentimos quando conduzimos os nossos dedos pelas arestas do som. Os mestres de nada yoga afirmam que o som pode transformar o nosso interior e que tem aspectos terapêuticos cientificamente comprovados. Eu digo mais: a música é o dom da alma que se reinventa na pele.

Quando Martin Simpson e Wu Man decidiram lançar o álbum Music for the Motherless Child, provavelmente não pensaram muito nisso. Ou a música pensou nisso por eles. A música pensa por quem a toca. E por quem a canta. E por quem a sente. E isso é um dom do espírito.

Jorge Vicente

Martin Simpson aqui
Wu Man aqui
Um vídeo de Martin Simpson aqui
Um vídeo de Wu Man aqui