31.1.08

In Nomine



(fotografia de Samer Mohdad, "The Remains of the Old City of Marib, Yemen", 1994)

os antigos. aqueles que já partiram. e estão nas paredes das casas e das igrejas e das pedras que assinalam datas,

aqueles que voltam e recuam e morrem outra vez, e outra, até cair de bruços na terra quente,

esses morrem de morte natural
de morte que nunca foi escura,
de morte que nunca foi branca,

com a felicidade de terem amado
e ascendido à condição de pedra

sem, ao menos, entenderem
porque razão o dom da liberdade
se subtrai às palavras dos anjos

Jorge Vicente

29.1.08

L. P. Hartley (5)



(fotografia de Samer Mohdad, "Lion Cubs, Military Instruction for Children, Ain El-Heloueh Palestinian Refugee Camp near Saida", 1989)


"But another world came to my aid - the world of facts. I accumulated facts: facts which existed independently of me, facts which my private wishes could not add to or subtract from. Soon I came to regard these facts as truths, and the only truths I cared to recognize. Pascal would have condemned them as being truth without charity; they contributed little to experience or imagination, but gradually took the place of both. Indeed, the life of facts proved no bad substitute for the facts of life. It did not let me down; on the contrary it upheld me and probably saved my life; for when the first war came my skill in marshalling facts was held to be more important than any service I was likely to perform on the field. So I missed that experience, along with many others, spooning among them. Ted hasn't told me what it was, but he had shown me, he had paid with his life for showing me, and after that I never felt like it" (1)

L. P. Hartley



(1) HARTLEY, L.P. - The Go-Between. 2ªed. Oxford: Heinemann New Windmills, 1985. ISBN 0-435-12299-1. p.280, 281.

27.1.08

Saber dizer não (Allan Kardec)




(fotografia de Samer Mohdad, "Hamam Moulay Yacoub Public Bath near Fez, Morocco", 1994)

"A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades. Se ele ultrapassar esse limite, é punido pelo sofrimento. Se o homem escutasse sempre a voz que lhe diz «basta», evitaria a maior parte dos males dos quais acusa a natureza" (1)

Allan Kardec

(1)KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos. 2ªed. Mem Martins: Livros de Vida, 2005. ISBN 972-760-108-1. p. 263.

Isto equivale, também, para as relações: às vezes, estamos numa relação que não dá resultado nenhum e não conseguimos dar o grito do Ipiranga. Se soubéssemos gritar e dizer esse tal basta, seríamos muito mais felizes. E a nossa vida muito mais agradável.

Jorge Vicente

25.1.08

Copying Beethoven (Agnieszka Holland)



(Ed Harris, em Copying Beethoven)

Confesso: quando vem à baila o nome de Ludwig Van Beethoven, vem-me logo à cabeça a magnífica interpretação de Gary Oldman no filme Immortal Beloved, de Bernard Rose. Oldman era Beethoven, a sua caracterização era magnífica e a sua interpretação fora de série. Pensava: só ele poderá interpretar Beethoven desta maneira.

Penso que me enganei: também Ed Harris, o eterno Pollock, o pode. E com uma grande mestria, saliente-se. O filme em questão? Copying Beethoven, de Agnieszka Holland, realizado em 2005. A premissa para o filme foi o relacionamento entre Beethoven e Anna Holz, uma personagem imaginária criada pelos argumentistas e que tinha a missão de ajudar o compositor na cópia da sua 9ª Sinfonia, para esta poder ser tocada pela orquestra.

De seguida, uma cena do filme: a estreia da 9ª:



Jorge Vicente

24.1.08

Alien Apocalypse (Josh Becker)



(Alien Apocalypse, com Bruce Campbell)

Depois de Feast, mais um filme de série B para alegrar os serões (os meus serões) de cinema, com a agravante de tudo neste filme ser ridiculamente mal feito. Salva-se a presença tutelar de um dos grandes heróis do cinema fantástico dos anos 80 e 90, Bruce Campbell, que protagonizou uma das trilogias mais conhecidas de cinema de terror, Evil Dead, de Sam Raimi. Provavelmente, ele está a querer transformar-se numa espécie de Bela Lugosi do 2º milénio, mas nada, nem mesmo Josh Becker, consegue descer tão baixo como Ed Wood desceu. Dito por outras palavras, um filme muito divertido de ficção científica com extra-terrestres a fazerem lembrar aqueles de Mars Attacks! de Tim Burton, só que com menos talento e ousadia.

Jorge Vicente

P.S. Pelo menos, não se lembraram de pôr a canção de Slim Whitman, "Indian Love Call". Eu gosto muito dela, mas já começa a ser irritante vê-la remetida para filmes de terror. Em Mars Attacks!, é a ouvi-la que os extra-terrestres morrem. Em Phantoms, é através dela que os fantasmas se comunicam connosco.


L. P. Hartley (4)



(fotografia de Joel D. Levinson, "Woman and Piano #18", 1975)

"All the time at Brandham I had been another little boy and the grown-ups had aided and abetted me in this: it was a great deal their fault. They liked to think of a little boy as a little boy, corresponding to their idea of what a little boy should be - as a representative of little boyhood - not a Leo or a Marcus. They even had a special language designed for little boys - at least some of them had, some of the visitors: not the family: the family, and Lord Trimingham too who was soon to be one of them, respected one's dignity. But there are other ways, far more seductive to oneself than the title «my little man», to make one feel unreal. No little boy likes to be called a little man, but any little boy likes to be treated as a little man, and this is what Marian had done for me: at times, and when she had wanted to, she had endowed me with the importance of a grown-up; she had made me feel that she depended on me. She, more than anyone, had puffed me up" (1)

L. P. Hartley

(1) HARTLEY, L.P. - The Go-Between. 2ªed. Oxford: Heinemann New Windmills, 1985. ISBN 0-435-12299-1. p.259, 260.

23.1.08

Feast (John Gulager)




A grande vantagem dos filmes de baixo orçamento, especialmente no que toca ao cinema fantástico, é que têm toda a liberdade para se espalharem ao comprido. Maus efeitos especiais, representações sofríveis, cenários ranhosos e situações improváveis. Em Feast, que faz parte do Project Greenlight, da HBO, temos apenas a pequena e a última situações: os efeitos especiais são fracotes e as situações improváveis. Afinal, como é que o raio de um bicho parecido com o Alien foi parar a um deserto no meio do nada?

O resto é série B pura.

site do filme aqui

Jorge Vicente



(o trailer do filme)

Metempsicose, segundo Allan Kardec



(imagem de Claudia Kunin, "Jacob's Ladder", 2006)

"Seria verdadeira a metempsicose, se indicasse a progressão da alma, passando de um estado para outro superior, onde adquirisse desenvolvimentos que lhe transformassem a natureza. Porém, é falsa, no sentido da transmigração directa da alma do animal para o homem e reciprocamente, o que implicaria a ideia de um retrocesso ou de uma fusão. Ora, o facto de semelhante fusão não poder operar-se entre os seres corpóreos das duas espécies, mostra que estas são de graus inassimiláveis, devendo dar-se o mesmo em relação aos Espíritos que as animam. Se um mesmo Espírito as pudesse animar alternativamente, haveria, como consequência, uma identidade de natureza, traduzindo-se pela possibilidade da reprodução material.

A reencarnação, como os Espíritos a ensinam, baseia-se, pelo contrário, na marcha ascendente da natureza e na progressão do homem dentro da sua própria espécie, o que em nada lhe diminui a dignidade. O que o rebaixa é o mau uso que faz das faculdades que Deus lhe deu para progredir. Seja como for, a antiguidade e a universalidade da doutrina da metempsicose, e os homens eminentes que a professaram, provam que o princípio da reencarnação se radica na própria natureza. São argumentos mais a seu favor do que propriamente contrários" (1)

Allan Kardec




(1) KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos. 2ªed. Mem Martins: Livros de Vida, 2005. ISBN 972-760-108-1. p. 254

21.1.08

L. P. Hartley (3)



(imagem de Claudia Kunin, "Heart of Hades", 2007)

"Though my eyes got gradually accustomed to the darkness I was almost on top of the outhouses before I saw the thick blur of the deadly nightshade. It was like a lady standing in her doorway looking out for someone. I was prepared to dread it, but not prepared for the tumult of emotions it aroused in me. In some way it wanted me, I felt, just as I wanted it; and the fancy took me that it wanted me as an ingredient, and would have me. The spell was not waiting to be born in my bedroom, as I meant it should be, but here in this roofless shed, and I was not preparing it for the deadly nightshade but the deadly nightshade was preparing it for me. «Come in,», it seemed to say; and at last after an unfathomable time I stretched my hand out into the thick darkness where it grew and felt the shoots and leaves close softly on it. I withdrew my hand and peered. There was no room for me inside, but if I went inside, into the unhallowed darkness where it lurked, that springing mass of vegetable force, I should learn its secret and it would learn mine. And in I went. It was stifling, yet delicious, the leaves, the shoots, even the twigs, so yielding; and this must be a flower that brushed my eyelids, and this must be a berry that pressed against my lips..." (1)

L. P. HARTLEY


(1)HARTLEY, L.P. - The Go-Between. 2ªed. Oxford: Heinemann New Windmills, 1985. ISBN 0-435-12299-1. p.254, 255.

L. P. Hartley (2)



(fotografia de Ted Jones, "Maggie 2", 1999)

"four candles (for combustion)
one mettle container (silver)
1 perforated utensil
four books (small) for supporting the last named
four boxes of matches
water for boiling
watch for timing
wet sponge in case of fire" (1)

L. P. HARTLEY


(1) HARTLEY, L.P. - The Go-Between. 2ªed. Oxford: Heinemann New Windmills, 1985. ISBN 0-435-12299-1. p.253.

um corpo necessita apenas do corpo para a oração final. e da mezinha dada aos Santos. lá fora, o gato arde. e uiva no intervalo da palavra. o feitiço de amor é o silêncio dado aos namorados.

Jorge Vicente

18.1.08

Clerks II (Kevin Smith)

Eu nunca cheguei a perceber porque é que o Nuno Markl bateu tanto, mas tanto, no pobre do Kevin Smith aquando da edição em DVD do filme Nunca Tantos Fizeram Tão Pouco (Clerks II, no original). Provavelmente, porque considerava o humor do realizador estafado e fácil, sem aquele tom subversivo que o caracterizava nos primeiros filmes. Ora, eu acho precisamente o contrário. Kevin Smith é doido, o seu humor é completamente destravado, com diálogos absolutamente geniais onde posso destacar o célebre diálogo sobre o Senhor dos Anéis vs. Guerra das Estrelas, o diálogo sobre os Transformers, o diálogo sobre a palavra escarumba (porch-monkey em inglês), a cena do burro (susceptível de ofender os amantes de animais), etc.

Dante, Randal, Jay & Silent Bob no seu melhor!



(porch monkey scene)



(transfomers scene)



(lord of the rings vs. star wars scene)



(um short de Kevin Smith, com os personagens Randal e Dante, chamado The Flying Car)


Jorge Vicente

Ella Abraça Jobim (Ella Fitzgerald)



(imagem de Ella Fitzgerald)

Ella Abraça Jobim não chega aos píncaros, como Getz/Gilberto chegou, mas é um álbum bastante interessante de uma das vozes mais bonitas e energéticas da história do jazz: Ella Fitzgerald, aqui reinventando e recriando os clássicos da bossa nova.

Entrego-vos este "Useless Landscape", interpretado ao vivo, em São Paulo, em 1971. A cantora: Ella Fitzgerald, num registo muito sensual.





"There's no use
Of a moonlight glow
Or the peaks where winter snows
What's the use of the waves that will break
In the cool of the evening
What is the evening
Without you
It's nothing

It may be
You will never come
If you never come to me
What's the use of my wonderful dreams
And why would they need me
Where would they lead me
Without you
To nowhere", retirado daqui.


Jorge Vicente

15.1.08

Lake of Fire (Kirkwood)



(fotografia de Ted Jones, "Linda #24 - Female Nude on Cliff Face", 2004)

"Where do bad folks go when they die
They don't go to heaven where the angels fly
Go to a lake of fire and fry
see them again 'till the Fourth of July

I knew a lady who came from Duluth
Bitten by a dog with a rabid tooth
She went to her grave just a little too soon
Threw a late howl at the yellow moon

Where do bad folks go when they die
They don't go to heaven where the angels fly
Go to a lake of fire and fry
see them again 'till the Fourth of July

People cry and people moan
Look for a dry place to call their home
Try to find some place to rest their bones
While the angels and the devils try to make 'em their own

Where do bad folks go when they die
They don't go to heaven where the angels fly
Go to a lake of fire and fry
see them again 'till the Fourth of July" (1)

NIRVANA (o original é dos Meat Puppets)



(1) retirado do CD dos Nirvana, MTV Unplugged in New York, 1994.

12.1.08

A cura pelas mãos, segundo Allan Kardec



(fotografia de Ted Jones, "Janis #20 Mother and Child", s/d)

"556. Têm algumas pessoas, verdadeiramente, o poder de curar pelo simples contacto?

«A força magnética pode chegar até aí, quando secundada pela pureza dos sentimentos e por um ardente desejo de fazer o bem; nesses casos, os bons Espíritos vêm em seu auxílio. Mas devemos desconfiar da maneira como pessoas muito crédulas e muito entusiastas contam as coisas, sempre dispostas a considerar maravilhoso o que há de mais simples e mais natural. Importa desconfiar também das narrativas interesseiras, feitas por aqueles que exploram em seu proveito a credulidade alheia.» (1)

Allan Kardec



(1) KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos. 2ªed. Mem Martins: Livros de Vida, 2005. ISBN 972-760-108-1. p. 236.


Pelos vistos, já Kardec prenunciava a prática do reiki, da cura prânica, das curas de Barbara Brennan e de milhares de práticas energéticas que se viriam a popularizar no século XX.

11.1.08

As Musas segundo Allan Kardec



(fotografia de Ted Jones, "Female Nude", 1991)

"As Musas não eram senão a personificação alegórica dos Espíritos protectores das ciências e das artes, como os deuses Lares e Penates simbolizavam os Espíritos protectores da família. Também nos tempos modernos atribuímos diferentes patronos às artes, às diferentes indústrias, às cidades e aos países. Esses patronos mais não são do que Espíritos Superiores, sob várias designações." (1)

Allan Kardec



(1) KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos. 2ªed. Mem Martins: Livros de Vida, 2005. ISBN 972-760-108-1. p. 225

10.1.08

In Nomine



(fotografia de Ted Jones, "Chris #15", 1994)

gabriel. deixa-me escrever-te um poema. um poema que diga do meu nome, da sabedoria inerente a todas as coisas. dessas pequenas palavras que só os justos conhecem, como se fosse algo imanente ao mundo. e partisse dele. e o rebentasse.

deixa-me ser um rebento azul. anterior à terra e à sementeira das águas. nunca poderei ser mãe. nem pai. apenas um invólucro de giz envolto em mil pontos de luz.

deixa-me escrever-te um poema, como se fosse uma carta. ou um rol de pedidos dirigido às mais altas entidades. nunca perceberei o significado de ser pai ou mãe. ou uma terra aberta no desfloramento da alma.

anuncia o teu amor. anuncia-me. e cai. cai como se fosses único, como se a cor vermelha não te afligisse e visses o homem no lugar do anjo.

Jorge Vicente

Os anjos da guarda, segundo Allan Kardec



(fotografia de Ted Jones, "Chris #14", 1994)

"Pelo seu encanto e doçura, a ideia da existência de anjos da guarda deveria converter os mais incrédulos. Pensar que temos sempre junto de nós seres que nos são superiores, sempre prontos a aconselhar-nos e a amparar-nos, a ajudar-nos na ascensão da abrupta montanha do bem, mais sinceros e dedicados amigos do que todos os que poderão ligar-se mais intimamente a nós na Terra: não é esta uma ideia muito consoladora? Esses seres estão ao vosso lado por ordem de Deus. Foi Deus quem aí os colocou e, aí permanecendo por amor de Deus, desempenham uma bela mas penosa missão. Sim, onde quer que estejais, estarão convosco. Nem nos cárceres, nem nos hospitais, nem nos lugares de devassidão, nem na solidão, estais separados desses amigos que não podeis ver, mas cujo brando influxo a vossa alma sente, ao mesmo tempo que ouve os seus sábios conselhos" (1)

Allan Kardec

(1) KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos. 2ªed. Mem Martins: Livros de Vida, 2005. ISBN 972-760-108-1. p. 218.


Este excerto é tão bonito que não consigo encontrar palavras. Fico-me por isto:

9.1.08

O poder da oração, segundo Allan Kardec



(fotografia de Stanko Abadzic, "In the Refuge, Prague", 2002)

"
479
. A oração é um meio eficiente para a cura da obsessão?

"A oração é, em tudo, um poderoso auxílio. Mas, crede que não basta que alguém murmure algumas palavras, para que obtenha o que deseja. Deus assiste os que agem, não os que se limitam a pedir. É indispensável que o obcecado faça, por seu lado, o necessário para destruir em si próprio a causa da atracção dos maus Espíritos" (1)

Allan Kardec



(1)KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos. 2ªed. Mem Martins: Livros de Vida, 2005. ISBN 972-760-108-1. p. 214.

Larry Dossey defendeu, na sua obra Palavras que Curam, o poder da oração na cura e no restabeleciomento da saúde, contrariando a opinião de alguns médicos e terapeutas que apenas aceitavam os medicamentos ou a cirurgia como formas científicas de cura. No entanto, já existem diversos estudos feitos por médicos que comprovam a eficácia da oração. Provavelmente, não tanto a nível religioso, mas no sentido de nos assegurar que temos um potencial ilimitado no nosso organismo, que se auto-regenera (constantemente). Mas, para que tal aconteça, é forçoso que trabalhemos a auto-estima e o espírito positivo. Com saber e aceitação do que vier.

Prémio Escritores da Liberdade




O Beja, do Lumife, decidiu distinguir o meu blog com o Prémio Escritores da Liberdade. Fiquei muito contente com a distinção, embora ache que existem outros blogs tão merecedores como o meu. Não sei se irei seguir as regras que, normalmente, obrigam o distinguido a passar o título a 10 blogs.

Eu apenas vou enviar a quem realmente é escritor da liberdade.

1 - A Tradução da Memória, pela liberdade das palavras.

2 - Bandida, pela poesia em liberdade.

3 - Piano, pela liberdade da beleza.

4 - Ana Freire, pela liberdade em estado puro e fofo.

5 - A Voz que não se cala, pela liberdade de ser autêntica.

6 - Isabel Refacho, pela liberdade que a biodanza traz. E pela tua amizade.

7 - A Teia de Aranha, pela liberdade de seres quem és. E pela tua força das palavras e amizede.

8 - Mesa de Luz, pela liberdade de seres quem és. E por seres especial.

9 - Pontapé nos Colhões, pela liberdade de dares um pontapé nos tomates de toda a gente. E imensa liberdade, sem falsos pudores.És uma pessoa fantástica.

10 - Xavier Zarco, pela tua simplicidade e pela liberdade que a poesia assume em todos os teus gestos.

Olha, ficaram 10! Os Deuses fizeram o trabalho bonito! Gozem bastante destes prémios, que vocês bem o merecem!

Jorge Vicente

Sidney Bechet



(fotografia de Sidney Bechet)

Sidney Bechet foi um dos primeiros grandes instrumentistas de clarinete e de saxofone vindos do jazz. São lendários os seus duelos com Louis Armstrong assim como as inúmeras inovações que incutiu no jazz, onde se pode destacar a canção "Sheik of Araby", na qual tocou seis instrumentos diferentes!, a saber: clarinete, saxofone soprano e tenor, piano, baixo e bateria, etc.

Contudo, devido ao seu espírito irascível e de nómada, só no fim da vida é que teve o sucesso que merecia. (fonte: wikipedia)

Jorge Vicente

Sidney Bechet Society
Sidney Bechet no Redhot Jazz
Mais uma biografia aqui
Discografia



(vídeo de "Cake Walking Babies", de Sidney Bechet e Louis Armstrong)

8.1.08

Stephanie Says (Lou Reed)



(fotografia de Stanko Abadzic, "Girl with Necklace of Fish", 2006)

"Stephanie says that she wants to know
Why she's given half her life, to people she hates now
Stephanie says when answering the phone
What country shall I say is calling from across the world

But she's not afraid to die, the people all call her Alaska
Between worlds so the people ask her 'cause it's all in her mind
It's all in her mind

Stephanie says that she wants to know
Why it is thought she's the door She can't be the room

Stephanie says but doesn't hang up the phone
What sea shell sea is calling from across the world

But she's not afraid to die, the people all call her Alaska
Between worlds so the people ask her 'cause it's all in her mind
It's all in her mind

She asks you is it good or bad
It's such an icy feeling it's so cold in Alaska,
it's so cold in Alaska, it's so cold in Alaska"

The Velvet Underground

(Retirado do CD VU, de 1984)

Considero esta canção uma das melhores dos Velvet, infelizmente relegada para uma colectânea de temas inéditos, VU que, embora brilhante, não seria o lugar adequado para uma canção destas. Devia estar incluída em Loaded ou, mesmo, no 4º álbum da banda que não chegou a ser publicado. Muitas dessas canções iriam depois aparecer na tal colectânea, VU.

Jorge Vicente

In Nomine



(fotografia de Stanko Abadzic, "Female Nude with Pillow", 2005)

9.

sempre que nos despedirmos, não te esqueças de prender os pratos à volta da mesa e olhar verticalmente o chão

o pó levantar-se-á como se uma rabanada de estrume tocasse. e a pele recebesse

Jorge Vicente

L. P. Hartley



(fotografia de Stanko Abadzic, "All My Apples", 2000)

"Thanks were something you kept till the last moment: they were the very essence of farewell (...)" (1)

L. P. Hartley




(1) HARTLEY, L.P. - The Go-Between. 2ªed. Oxford: Heinemann New Windmills, 1985. ISBN 0-435-12299-1. p.225.

3.1.08

O místico segundo Allan Kardec



(fotografia de Stanko Abadzic, "After the Double", 2000)

"
443. Há coisas que o extático pretende ver e que, evidendentemente, são o produto de uma imaginação impressionada pelas crenças e preconceitos terrestres. Portanto, o que vê não é real?

«O que o extático vê é real para ele. Mas, como o seu Espírito está sempre sob a influência das ideias terrenas, pode acontecer que veja à sua maneira, ou melhor, que exprima o que vê numa linguagem moldada pelos preconceitos e ideias de que está imbuído, a fim de ser mais compreendido. É sobretudo nesse sentido que lhe sucede errar.»" (1)

Allan Kardec


(1) KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos. 2ªed. Mem Martins: Livros de Vida, 2005. ISBN 972-760-108-1. p. 201.

Isis, "Celestial"

Os Isis são uma das bandas mais promissoras do cenário underground dos Estados Unidos. Partindo de uma vertente hardcore e sludge, conseguiram inovar e criar um som muito característico, revestido de paisagens sonoras extremamente belas, interrompidas, aqui e ali, por alguns momentos de ruído e de caos sonoro. É uma banda que, verdadeiramente, soube transpôr a beleza celestial do rock ambiental para o metal. Espero que, nos próximos anos, desenvolvam mais esta vertente e nos façam subir pelas paredes. de prazer.

Jorge Vicente



(Isis, "Celestial")



(fotografia de Alfred Stieglitz, "The Steerage part of Camera Work Number 36", 1907")

"The flood is coming down
I can't stop it
I can't hold it back
I can't see her
I can't even breathe"

(Isis, "Celestial (Signal Fills the Void)", retirado do EP SGNL>05).

2.1.08

Reveillon na Serra da Estrela



(imagem do grupo)



(José Pedro Reyes no terraço)



(o Rio Zézere, junto à casa)

Há quem se sinta renovado depois de um fim-de-semana bem agitado, há quem se sinta renovado depois de um concerto, depois de um passeio bem disposto com os amigos. Há quem se sinta renovado escrevendo, pintando, desenhando, atirando os seus problemas para o universo e esperando que ele retribua, mesmo sabendo que essa retribuição depende muito da nossa capacidade de aceitar o que nos acontece.

E, existem também aqueles que se sentem renovados cada vez que um ano passa, cada vez que existe aquela passagem, um pouco artificial, mas verdadeira, de um ano para o outro. Muitas das vezes, a passagem é inautêntica. Fazemos aquilo todos os anos, festejamos, temos as nossas esperanças e elas acabam no próprio minuto em que o ano começa. Provavelmente, ainda não descobriram a imensa capacidade que têm dentro deles e o imenso amor/amizade que podem dar às pessoas.

Ora, esta passagem de ano foi uma das coisas mais maravilhosas que me aconteceram. A partilha foi enorme, a capacidade de amar, aceitar, perdoar, dançar, crescer, descobrir as fragilidades, abraçar essas fragilidades e ainda dançá-las, foi maravilhoso. Queria agradecer a todos os que me proporcionaram estes momentos: ao grande José Pedro Reyes, que organizou o evento e que nos proporcionou momentos de partilha maravilhosos, através das meditações, da biodanza, do tantra (yeah!), da boa disposição, da sua humanidade e fragilidade partilhada por todos (és um ser de luz fantástico); à Ana, que nos ofereceu a casa e que, juntamente com a Marta e a anjinha Rita Oom, nos ofereceram manjares deliciosos, sorrisos constantes e abraços de alma que nunca mais esquecerei, à sempre fixe e divertida e fofa e carinhosa Ana Freire, amiga fantástica que nos falou deste evento, à Filipa, amiga maravilhosa e um doce em pessoa, à Virgínia, que não conhecia, mas que só me apetecia abraçar por ser quem é, querida e uma grande alma; à filha do José Pedro e da Rita, Maitê, maravilhosa e fofa; à Simone e ao filho, que também são maravilhosos (a nossa dança das mãos foi uma experiência maravilhosa; às bruxinhas, que são seres fantásticos e cheios de luz; aos gajos do grupo: o João osteopata, que me ensinou muita coisa e me disse para acreditar em mim; ao Pedro que, apesar da calma e da timidez, demonstrou que tem um grande coração e uma grande alegria para dar; ao Jorge, professor de kizomba e de kuduru e de sei lá que mais, que é o máximo; ao Nuno Cachadinha, sempre porreiro; ao Vítor, o nosso cineasta predilecto, etc etc e mais etc. Não consigo nomear toda a gente, todos foram maravilhosos e estarão sempre no meu coração. Aqui e para a eternidade.

Ho!

Jorge Vicente

In Nomine



(fotografia de Anne W. Brigman, "Via Dolorosa", 1910)

são joão da cruz viu a mãe
estendendo-se, nua,
entre duas pedras maestras:

uma simbolizava o norte,
outra o sul

deus, vestido de ombros largos,
chorava enquanto o rio crescia.

Jorge Vicente