1.6.08

o 28 de maio e a génese do estado novo



(fotografia do 28 de maio, retirada daqui)

"o «significado» do «28 de maio» foi incerto desde o início. primeiramente, a sublevação foi acolhida com simpatia praticamente por parte de todos os partidos políticos minoritários (dos conservadores aos socialistas), como um meio capaz de quebrar a máquina eleitoral com que o partido democrático havia conseguido vencer todas, ou quase todas, as eleições durante dezasseis anos e conquistar, assim, o controle do subgoverno. esta ilusão foi-se dissipando cada vez mais logo que as sanções administrativas, as prisões e as deportações dos chefes aniquilaram os partidos políticos sem os porem, efectivamente, fora de lei. as organizações operárias, as confederações sindicais, os anarquistas, os anarco-sindicalistas e comunistas mantiveram-se bastante neutros: apesar do aumento das perseguições, os partidos «revolucionários» procuraram alhear-se das «rixas políticas portuguesas». mas, por fim, a partir de 1932, tinham deixado de existir como organizações legais" (1)

hermínio martins




(1) MARTINS, Hermínio - Classe, status e poder e outros ensaios sobre o portugal contemporâneo. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 1998. ISBN 972-671-051-0. p. 29.


não sabia que os socialistas tinham dado vivas ao golpe militar de 1926, mas tem lógica. a credibilidade da 1ª república estava de rastos e a confusão era tanta que a maior parte das pessoas aspirava a uma viragem. infelizmente, a viragem virou-se para os lados de santa comba dão.

jorge vicente

4 comentários:

Luis Eme disse...

é compreensível...

a bagunça era tal, que quase toda a gente tinha consciência que era necessária uma nova politica, mais repressiva.

Não era preciso era exagerar tanto, ao ponto de se chegar ao totalitarismo...

jorge vicente disse...

caro luís eme,
em portugal nunca chegámos ao totalitarismo, que foi o apanágio dos regimes nazi, do comunismo da rússia, da china, do cambodja e outros parecidos.

normalmente, os regimes totalitários (por aquilo que eu sei da história) caracterizavam-se por uma repressão ainda mais violenta, muitas vezes publicitando a divinização do líder, a prática de genocídios sistemáticos, etc.

o exemplo de portugal foi apenas mais um triste exemplo de um regime autoritário, ou seja, uma ditadura. e todas as ditaduras fazem o mesmo: reprimem, perseguem, prendem.

um abraço
jorge vicente

Luis Eme disse...

Jorge,

quando eu falo em totalitarismo, falo de termos sido um regime autocrático, com um partido único.

Mas houve uma fase (até ao principio dos anos quarenta) em que se tentou imitar os alemães, com a legião, a mocidade portuguesa...

Felizmente eles perderam a guerra e Salazar percebeu que era mais fácil levar as pessoas pela ignorância que pela manipulação...

abraço

jorge vicente disse...

caro luís,

concordo plenamente contigo. e o que é interessante (ou triste) constatar é que eu não sabia que tinha havido legião portuguesa. sabia da existência da mocidade porque o meu pai pertenceu a ela (entre aspas) quando andava na escola (era a mocidade que dava os equipamentos para as crianças poderem jogar à bola, penso eu de que) e porque um professor meu de história nos falou das aventuras dele na mocidade, por volta de 1970. isto para além das imagens da televisão, etc.

porém, segundo hermínio martins, a criação da mocidade e da legião não foi mera imitação dos modelos italiano e alemão foi, antes, uma necessidade já que aquilo que se passava em espanha (o perigo de os republicanos ganharem) assim o obrigava. digo perigo porque se os republicanos ganhassem, o governo português poderia ter consequências desastrosas. infelizmente, o franco ganhou, salazar enviou tropas para espanha, a legião e a mocidade foram criadase nós começámos a fazer a vénia ao senhor de santa comba dão.

um abraço
jorge