22.2.12

fotografia



(fotografia de robert mapplethorpe, "self-portrait", s/d)


"tenho a nítida sensação que a fotografia que carrego
[nos meus olhos não é mais do que
uma ruína debaixo da pedra, como um
vaso recentemente caiado por mãos silenciosas,

a memória descoberta e apenas partida, sem que haja
[uma imagem clara

gostava que todas as memórias fossem feitas de rocha,
que se esticassem e se juntassem ao sal moribundo
e daí partissem para outras margens, para as
nuvens criadoras de movimento

a fotografia e o sal moribundo são a única
[realidade do cosmos." (1)

Jorge Vicente


(1)VICENTE, Jorge - Ascensão do fogo. São Mamede de Infesta: Edium Editores, 2008. p. 34.

4 comentários:

Fá menor disse...

Vemo-nos em retrospectiva como uma realidade desfocada...

:)

jorge vicente disse...

Um beijinho, amiga! :)

Jorge

RUTE disse...

Bom dia Alegria!

As imagens...feitas de rocha?
Elas são sem dúvida, intemporais, mas dá-me a sensação que são feitas de pensamentos, choques eléctricos e muitas quantas.

O amor quantico que nos une, ora ergue ondas, ora comporta-se como particula, mas é concerteza o sal da vida, poeira de rochas, de estrelas multidimensionais.

Beijinhos ao poeta que se ascendeu pelo fogo em 2008.

jorge vicente disse...

Amiga,

muito provavelmente não escreveria mais estas palavras, pelo menos da maneira como estão escritas. Em 2008, ainda não tinha integrado completamente as vivências que tinha vivido em Biodanza e a minha escrita ainda estava num registo um pouco "saudosista".

Enfim, estava em ascensão e o fogo ainda estava num processo de subida.

Um grande beijo meu para ti!
Jorge