21.6.12

trecho do discurso de posse do Presidente Nelson Mandela, África do Sul, em 1994



(pintura de nelson mandela, "hand of africa", 2003)


"Não é confrontar a nossa mediocridade ou a nossa insuficiência o que mais tememos. Pelo contrário, nosso temor mais profundo é medir toda a extensão de nosso poder.

É nossa luz que nos dá medo e não nossa escuridão.

Nos perguntamos: Quem sou eu para mostrar-me tão hábil, tão cheio de talento e tão brilhante? E quem seríamos então para não nos mostrarmos assim? Somos filhos de Deus.

Não servimos ao mundo, fazendo-nos mais pequenos do que somos. Não há nenhum mérito em diminuir-se a si mesmo para que outros se sintam seguros.

Estamos aqui para brilhar como todo o nosso esplendor, como o fazem as crianças.

Temos nascido para manifestar a pleno dia a glória de Deus que está em nós. E esta glória não reside unicamente em alguns de nós, senão em todos e em cada um.

Quando deixamos que nossa própria luz resplandeça, sem o saber, damos permissão aos demais para fazer o mesmo.

Quando nos libertamos do nosso próprio medo, nossa presença liberta automaticamente aos demais." (1)

Nelson Mandela




(1) MANDELA, Nelson apud GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002. p. 48.

15.6.12

Questionamento...



Questionar é reflectir sobre, encontrar modos alternativos de encarar um problema determinado seja esse problema relacionado com o amor, o trabalho, as nossas dificuldades financeiras, o nosso posicionamento em relação ao mundo e em relação a nós mesmos. É uma excelente oportunidade para largarmos, deixarmos fluir no oceano do Vivo tudo aquilo que não nos interessa ou, também, solidificarmos mais ainda aquilo em que acreditamos.

Questionar é aprender e uma nova oportunidade que a vida nos dá em repensarmos tudo o que já foi conquistado. Encontrarmos novas armas para enfrentar um determinado problema. Indagar esse mesmo problema e perguntar-lhe: o que fazes aqui? O que tens para me ensinar? Ou para não me ensinar?

Dizem que, em matéria de amor ou de paixão, tudo deve ser questionado. Permanentemente. O próprio olhar no olho é um questionamento diário e uma oportunidade básica para repensarmos a nossa humanidade permenantemente. Descobrirmos o porquê de estarmos aqui e agora com esta mesma pessoa. E isto apesar do porquê, no próprio acto de olhar olhos nos olhos, não ser absolutamente necessário. Necessária é a vivência de estar aqui e agora, sem perguntas, sem interpretações - as respostas aparecem de repente, como um insight poético. E o questionamento e a resposta a esse questionamento faz-se sentido do corpo, faz-se certeza, faz-se no instante.

E quando digo que esse questionamento se faz em relação ao amor, também se faz em relação às nossas paixões: escutemos o que as nossas paixões têm para nos dizer, olhemos-nas de frente e indaguemos. Sentirei sempre o que sinto e da mesma maneira? Aceitarei sentir de forma diferente? Estará certo sentir de forma diferente? O certo de hoje será o errado de amanhã? Onde ficarão as nossas certezas e as nossas dúvidas?

A resposta sempre virá. Absolutamente. Nós é que, provavelmente, não conseguimos percebê-la. Ou serão várias respostas, consoante a nossa condição e o nosso momento existencial.

Jorge Vicente

P.S. Este post pertence à 4ªfase, BC Amor aos Pedaços. Mais informações no blog da Rute, da Rô ou da Luma.)

8.6.12

o mover-se sensível



(desenho de william conor, "the children", s/d)


"Não foi qualquer acção que fez o ser humano, foi principalmente a acção sensível, o mover-se sensível, uma acção mais complexa e sutil tecida na rede neuropsíquica em formação. O animal podia agarrar qualquer objeto, como de fato o fazia, mas para «comover-se» com o ato de agarrar, movimentar ou balançá-lo de outro modo, foi necessária a emergência de uma sensação qualitativamente diferente das anteriores no momento da realização deste ato. Daí surgiu o ser capaz de olhar a montanha e sentir mudar sua respiração; ver e sentir silenciosamente o vôo do pássaro ou a água cristalina seguindo seu percurso de riacho, ora tranquila, ora rápida." (1)

cézar wagner de lima góis



(1) GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002. p. 67.

Estas duas últimas três semanas têm sido muito complicadas a nível laboral: muito trabalho, muito empenho, falta de tempo. Por isso, mando hoje um texto tão pequeno, mas tão importante! Um texto que destrona um pouco a ideia de que o ser humano tornou-se humano quando começou a pensar, quando o cérebro se desenvolveu. Para Cezar Wagner, não foi isso que transformou o humano em humano, mas sim o mover-se com afectividade, o chorar com sensibilidade, o admirar-se pela Paisagem e pelas maravilhas da Vida e da Terra.

 Como todos sabem, ste post está inserido na iniciativa Teia Ambiental, idealizadas por Flora Maria e Gilberto da Cunha Gonçalves. O blog da Flora: http://floradaserra.blogspot.com/

Muitos abraços para todos
Jorge Vicente