30.1.13

poema



(larkin grimm, retirado daqui)


2.

POEMA PARA LARKIN GRIMM

certa noite, o devandra disse-te:
a tua música é como uma prisão
é como estar fechado num lugar
muito escuro e ouvir o som

eu digo-te: nada do que tu cantas
ou exprimes pela voz pode ser uma
prisão, talvez um ponto pequeno
na grande planície branca

(ou um ponto/deserto, uma esfera
demoníaca que dissesse ou soubesse
de tudo)

certa noite, disseste ao devandra:
faz-me uma tatuagem no braço direito,
afinal és o arauto de deus, tens uma
barba plena e todos os homens que forem
como tu saltarão por cima de silvas amarelas
e cantarão da voz e dos caminhos do sal

porém, nada disso me interessa
quando ouço a grande voz americana
soletrando uivos de coiote

é provavelmente porque sou animal
de poder numa cidade em desintegração.

jorge vicente

2.1.13

Poemas




(estátua de andré banha, "segurei-te o pôr do sol", 2006, retirado deste site: http://contemporaneamagazine.blogspot.com/2008_05_01_archive.html)

1.


uma noite segurei-te amanhecido
mas, das tômbolas dos teus olhos,
vários poemas ficaram:

não os meus
nem aqueles que nunca foram escritos,

apenas o som
e o caminhar do sol em direcção à casa.

jorge vicente