18.2.16

Casa de la Ronda

3.

ajuda-me a falar a língua dos anjos, a língua lustrosa e iluminada, a língua de toda a literatura e de toda a rasa teologia. ajuda-me nessa língua que não pede nem desaloja nenhuma poética nem nenhuma sistematização de linguagens. nessa língua sem métrica nem metáforas, nessa língua das ruas e dos pequenos botequins de esquina, nessa língua que ensina a gelar um osso e a transformar uma paisagem numa casa e num quarto. e a inscrever incessantemente um homem no círculo gerado pelas marés.

Jorge Vicente

15.2.16

[perguntem às altas ondas]

perguntem às altas ondas a alvura de uma alva noite
a leveza branca num branco aconchego
o alto minho na alta montanha mais alta

o bom jesus a boa noite
a boa estrela na branca saudade
são leves são leves as frágeis estrelas


os frágeis ossos
no osso do poema mais frágil.

Jorge Vicente